
O envelhecimento: mudanças físicas e cognitivas
O envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase reprodutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer muito antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por exemplo, começam a decair funcionalmente já a partir dos 30 anos.
Sabe-se que a hereditariedade joga um papel importante na determinação do padrão de mudanças observadas durante este processo. No entanto, associado aos factores genéticos que influenciam o envelhecimento estão um conjunto significativo de factores do envolvimento, tais como, a nutrição, o stress e a actividade física, que, em interacção, jogam um papel decisivo no processo de envelhecimento.
A produção de melatonina pela glândula pineal é cíclica, obedecendo um ritmo diário de luz e escuridão, chamado ritmo circadiano. Nos seres humanos, a produção de melatonina se dá durante a noite, com quantidades máximas entre 2 e 3 horas da manhã, e mínimas ao amanhecer do dia. A glândula pineal fica localizada no centro do cérebro, sendo conectada com os olhos através de nervos. Estes transmitem o sinal dos olhos para a glândula pineal, determinando a hora de iniciar e parar a síntese da melatonina.
A produção noturna de melatonina levou à rápida descoberta do seu papel como indutor do sono em humanos, e como restauradora dos distúrbios decorrentes de mudanças de fuso-horário, nos inícios dos anos 90.
Além da regulação do sono, a melatonina controla o ritmo de vários outros processos fisiológicos durante a noite: a digestão torna-se mais lenta, a temperatura corporal cai, o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea diminuiem e o sistema imunológico é estimulado. Costuma-se dizer, por isso, que a melatonina é a molécula chave que controla o relógio biológico dos animais e humanos.
Após a realização de um estudo, verificaram-se resultados que mostram que o menor nível de escolaridade tem influência negativa no estado mental dos idosos. Conclui-se então que é alto o número de idosos identificados com declínio cognitivo. Para se concluir um diagnóstico de demência em idosos, cujas respectivas pontuações foram abaixo do determinado, é necessária uma avaliação neuropsicológica mais apurada.
A falta de memória pode acontecer em qualquer idade, mas não há dúvida de que ela é muito mais comum com o envelhecimento. “Se comparar a queixa de perda de memória e, principalmente, a perda de memória verdadeira, constatamos que é muito mais frequente em pessoas idosas do que em jovens”.
Para os especialistas, isso acontece porque a capacidade de atenção do idoso é menor do que a das pessoas mais novas. “Essa capacidade que os jovens têm de fazer duas, três coisas ao mesmo tempo, por exemplo, é algo que diminui com o envelhecimento. O que ocorre também é que algumas doenças que alteram a memória são mais comuns em pessoas idosas, como o mal de Alzheimer.”
Alterações no processo psicológico
Variáveis psicológicas, como a atitude e a personalidade, determinam a capacidade de o indivíduo enfrentar as mudanças fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento. Autores defendem que quando se fiscaliza a atenção nas alterações físicas, fazemos com que o ritmo de envelhecimento se acelere. “Se o indivíduo não conseguir mobilizar energia suficiente para ultrapassar as deficiências físicas, ir-se-á refugiar na doença e em maleitas de toda a natureza”.
Na terceira idade vivencia-se algo semelhante à adolescência, assim como, nesta fase, se enfrenta uma verdadeira crise de identidade, que afecta a auto-estima e a aceitação de si próprio. Numa reacção em cadeia, a auto-estima e as inseguranças reflectem- se na autonomia, na liberdade, no convívio social…
Determinadas circunstâncias frequentes na velhice, como a perda da pessoa amada, de um amigo, de estatutos e de actividades significativas (reforma), podem não só precipitar o declínio físico como também agravar uma doença em qualquer altura da vida.
A realidade a que assistimos, em muitos casos, é a existência de um declínio do padrão de vida, acompanhado, por vezes, de muitas privações, após a ruptura (frequentemente drástica) com a actividade laboral. Deste modo a maioria das reflexões e das abordagens acerca da relação entre a pessoa idosa e a sociedade é feita através da ”…lupa económica do sistema de produção. Os valores de reflexão, de meditação, de sabedoria, e as potencialidades que se vão forjando com o avanço da idade, não são tomadas em consideração; pior que isso – a maior parte das vezes não são mesmo reconhecidas”.