Desenvolvimento da personalidade: continuidade e mudança

    Um dos maiores conhecimentos que Freud trouxe à psicologia foi quando mencionou que a experiência da infância tem uma forte influência sobre a personalidade adulta.

    Existem as chamadas fases universais do desenvolvimento conhecidas também por fases psicossexuais. Freud acreditava que a personalidade estaria essencialmente formada ao fim da terceira fase, por volta dos cinco anos de idade, quando o indivíduo possivelmente já desenvolveu as estratégias fundamentais para a expressão dos seus impulsos, estratégias essas que estabelecem o núcleo da personalidade.
    Na fase oral, o desenvolvimento ocorre desde o nascimento aos doze meses de vida. Nesta fase a zona de erotismo é a boca, as actividades que dão prazer são em torno da alimentação. Quando o bebé aprende a associar a presença da mãe à satisfação da pulsão da fome, a mãe fica como um objecto à parte, ou seja, o bebé começa a diferenciar entre si próprio e os outros. Uma fixação nessa fase provoca o desenvolvimento de um tipo de personalidade de carácter oral, do qual os traços fundamentais são o optimismo, a passividade e a dependência. Para Freud, os transtornos alimentares poderiam dar-se às dificuldades na fase oral.

    A fase anal ocorre durante o segundo e o terceiro ano de vida, onde o prazer está no ânus. Nessa fase a criança tem o desejo de controlar os movimentos esfincterianos e começa também a entrar em conflito com a exigência social de adquirir hábitos de higiene. Uma fixação nessa fase pode causar conflitos para o resto da vida em torno de questões de controle, de guardar para si ou entregar. O carácter anal é caracterizado por três traços que são: ordem, parcimónia (económico) e teimosia.

    Na fase fálica que ocorre dos três aos cinco anos, a área erógena fundamental do corpo é a zona genital. Freud sustenta que nessa fase o pénis é o órgão mais importante para o desenvolvimento, tanto dos homens quanto das mulheres, por isso Freud é fortemente criticado e acusado de ser falo cêntrico. O desejo de prazer sexual expressa-se por meio da masturbação, acompanhada de importantes fantasias. Nessa fase fálica também ocorre o complexo de Édipo, que consiste no menino desejar a própria mãe, mas por medo da castração abandona esse desejo, igualmente ocorre com a menina mudando apenas os papéis, onde o pai seria o seu objecto de desejo. Uma não resolução nessa fase pode ser considerada como a causa de grande parte das neuroses.

    A psicanálise certifica que a fixação na fase fálica tem como consequência dificuldades na formação do superego (regras sociais), na identidade do papel sexual e até mesmo na sexualidade, envolvendo inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. Dificuldades como a identificação de papéis sexuais podem derivar de dificuldades nesta fase. Freud propôs que os homens homossexuais tem uma forte angústia de castração, mas Freud é novamente criticado por não levar em conta as questões sociais que mudam de uma cultura para a outra e que influenciam o desenvolvimento das preferências sexuais. Ele acreditava também que a tendência homossexual poderia ser de carácter hereditário.

    Freud declara que em grande parte a personalidade se forma durante esses primeiros três estágios psicossexuais, quando são estabelecidos os mecanismos essenciais do ego para lidar com os impulsos libidinais.

    A fase de latência que ocorre desde os 5 anos e vai até a puberdade é considerada um período de relativa calma na evolução sexual, sendo que pouco é colocado por Freud com relação a tensão libidinal.

    Na fase genital que tem início da puberdade, o indivíduo desenvolve a capacidade de obter satisfação sexual com um parceiro do sexo oposto. “O carácter genital é o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se desenvolve na ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma psicanálise.” (CLONINGER). Contudo, o indivíduo livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta. Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é bom.